Páginas

Aquele adeus.


O dia amanheceu e eu nem percebi. Olhei pro meu relógio de parede e vi que já era a hora da despedida. Levantei e vi meu reflexo no espelho. Eu estava com um semblante terrível. Não era pra menos, havia passado a noite em claro, chorando sempre que meu coração se inundava de lembranças. Pensei em pedir pra ele desistir. Desejei ter coragem pra jogar as coisa pro alto, fugir com ele pra onde quer que fosse.

Peguei um taxi, o taxista me perguntou qual era o meu destino e por um milésimo de segundo fiquei sem entender a pergunta. Minha dor tava tão visível assim?! Baixei a cabeça, senti lágrimas escorrerem quentes pelo meu rosto e simplesmente respondi : "para o aeroporto, por favor". Por que tinha que ser assim? O destino é cruel demais, ele coloca os mais lindos sonhos ao alcance das nossas mãos e depois nos força a esquecer, sem nem ao menos nos oferecer um caminho de volta.

Refletido na janela do taxi eu vi meu rosto banhado por lágrimas de nostalgia. Não queria que ele visse que eu estava mal. Queria parecer forte e por mais que fosse em vão, eu tentaria. E lá estava ele, observando o taxi chegar, e pelo que pareceu ele fez isso com os último que passaram ali, talvez na expectativa que eu chegasse logo. 

Desci do carro e examinei o sorriso que estava no rosto dele, provavelmente tentando parecer que tudo estava bem. Olhei pro céu nublado e desejei não estar ali, não ter que me despedir. Ele veio caminhando lentamente em minha direção e chegou tão perto que eu podia sentir sua respiração. Segurou minhas mãos e fechou os olhos, tentando conter o choro, assim eu deduzi. E pensar que aquela seria a última vez que eu sentiria seu cheiro...

Olhei em profundamente em seus olhos, e prometi, em silêncio, que tudo ficaria bem. Diferente do que eu pensava, não conseguimos pronunciar uma palavra se quer. Ficamos ali, em silêncio, perdidos em pensamento. E era exatamente aquilo que eu queria, me perder naquele último abraço. Percebi então que o pior adeus é aquele não dito. 

Uma voz oculta anunciou o seu voo, e mais uma vez sem dizer nenhuma palavra, nós nos despedimos. Então ele partiu, e eu fiquei ali, imóvel, observando ele ir em busca do avião. Enquanto o via ir pra longe, senti que ele havia acabado de levar consigo uma parte de mim.



4 comentários

  1. Posso ser sincero Yara? Meu Deus, tu escreve super bem! Eu também escrevo, sou gaúcho e já escrevi pra N coisas, jornais, outros blogs, pra mim mesmo, e sempre falo sobre amor e, por vezes, esse amor não correspondido, doloroso, que fere nossa alma como uma afiada espada a perfurar nosso peito em brasas. Tu escreve super bem, adorei! Já estou seguindo, mas pode ter certeza que virei aqui muitas vezes, juro! <3

    Vou te deixar meu blog, caso queira ver ele :*
    http://vivendoumromance.blogspot.com.br/
    Beijão Yara, e continue a escrever, sucesso guria!!! :D

    ResponderExcluir

Layout por Maryana Sales - Tecnologia Blogger